AS VANTAGENS DA FORMAÇÃO PRH PARA A SAÚDE PSÍQUICA DAS PESSOAS

1. INTRODUÇÃO
Já faz anos que iniciei minha formação PRH através do curso básico « Quem sou eu hoje? ». Minha motivação pela formação e pelo meu próprio crescimento pessoal sempre foi alta, mas este curso causou um grande impacto em minha pessoa e me ajudou muito, sobretudo ao descobrir um método fácil e bem construído que poderia ajudar muita gente. E como nunca nos separamos totalmente no nosso papel profissional, especialmente ao abordar todas aquelas questões, pensei sobretudo em meus pacientes depois de ver toda a utilidade do método para mim mesmo.
Fiz minha formação pessoal por um bom tempo participando de outros cursos e praticando o método pessoalmente e também com ajuda. O acompanhamento de um formador PRH é essencial, mas, a meu ver, PRH tem uma grande vantagem de permitir que se trabalhe de maneira autônoma.
Desde o início, me interessou muito a clareza pedagógica do método e, de início, a visão Humanista revelada através respeito total pela pessoa e por sua liberdade.
Como médico psiquiatra, com frequência recomendo o método dos balanços pessoais e dos bons discernimentos a muitos pacientes, e também o aplico-os para mim mesmo quando minha vida pessoal os requer.
2. AS VANTAGENS DA FORMAÇÃO PRH PARA A SAÚDE PSÍQUICA DAS PESSOAS
Trabalhando com meus pacientes, já recomendei a muitos a formação PRH e comprovei seus benefícios. Tal como se trabalha hoje na Psiquiatria Clínica, sempre é preciso avaliar os resultados de outras terapias (biológicas ou psicológicas) e utilizar as que são realmente eficazes.
Muitos pacientes com Transtornos de Personalidade oriunda de uma imaturidade, dependência ou instabilidade emocional podem se beneficiar das vantagens do método dos cursos PRH.
Vi também bons resultados em pacientes com Transtornos de Ansiedade, sobretudo quando saíram de um estado agudo e quando se apresentaram crises paroxísticas que limitam muito a funcionalidade do paciente, inclusive para um trabalho psicológico.
Muitas pessoas com Transtornos de Adaptação secundários que produzem situações de estresse e/ou conflitos podem se beneficiar do método PRH.
Os pacientes com Depressão, especialmente os pacientes distímicos (tipo crônico de depressão), nos quais frequentemente alguns fatores da personalidade influem na persistência dos sintomas e na cronicidade, também podem se beneficiar deste método.
Em minha opinião, tudo o que mencionei pode ser levado em paralelo com o tratamento psiquiátrico que frequentemente é farmacológico. Hoje, as Psicoterapias já não são mais inimigas dos medicamentos, nem o contrário. A Farmacoterapia e a Psicoterapia são tratamentos que, associados, oferecem os melhores resultados, e é isto que todo terapeuta deve buscar para seus pacientes.
Minha experiência é a da total compatibilidade do Tratamento Psiquiátrico e com o método PRH.
Entretanto, pode haver algumas limitações. Os pacientes com Transtornos Mentais graves, com psicoses, tanto esquizofrénicas ou afetivas, com severos Transtornos de personalidade (Transtornos Limítrofe de Personalidade ou Borderline), ou com graves Transtornos de Ansiedade (por exemplo, Transtorno Obsessivo-compulsivo), podem ter dificuldades de praticar o método PRH, salvo se tiverem um grau muito alto de estabilidade em suas patologias e que não estejam nas fases agudas de sua enfermidade, nas quais a capacidade de introspecção requerida pelo método possa estar limitada. As depressões severas com risco autolítico, com sintomas psicóticos ou resistentes aos tratamentos psiquiátricos também devem ser excluídos.
Capítulo à parte é o papel dos FORMADORES PRH, que tem especial relevância, considerando que sua capacidade de formação é decisiva na hora de ensinar e difundir o método. PRH cuida e deve seguir cuidando, ao extremo, da seleção e da formação contínua de seus Formadores. Uma adequada visão psicopatológica, bem como uma formação neste campo não deveria ficar em segundo plano, considerando os problemas que eles enfrentam.
3. A ESPECIFICIDADE E AS CONTRIBUIÇÕES DO MÉTODO PRH
3.1 A estrutura psicológica do ser humano e o esquema da pessoa
Como já destaquei antes, na minha visão PRH está inserido na corrente da Psicologia Humanista, mesmo acrescentando também elementos vindos da psicanálise. PRH se apoia numa visão muito concreta da pessoa, do seu funcionamento, dos mecanismos, da estrutura da personalidade e do seu desenvolvimento, o que permite também diferenciar o que é normal e o que está desajustado.
3.2 O instrumento para a análise das sensações interiores de tipo psicológico
Independentemente da situação que a desencadeie, o que importa a PRH é a «vivência», a sensação psicológica que o indivíduo vive interiormente em tal situação. A aprendizagem desta forma de análise é fundamental para quem deseja se conhecer, entrar no método e avançar em seu desenvolvimento psicológico e pessoal.
A análise das Reações Desproporcionadas e Repetitivas, que está relacionada com o descrito acima, é um dos eixos essenciais do método PRH e, para mim, uma das suas grandes contribuições. Isto se aprende metodicamente ao longo dos cursos que orientam a formação em PRH.
3.3 Os cursos
O funcionamento do corpo, da afetividade, da personalidade, da vida em grupo e em casal, da gestão do próprio crescimento, são alguns dos temas abordados nos Cursos que, ao longo de vários dias, permitem conectar-se com o método e entrar progressivamente nele. Os instrumentos para o discernimento e os balanços pessoais, já mencionados, são parte importante do método. Além disso, os Cursos são uma grande oportunidade de compartilhar em grupo.
3.4 A relação de ajuda
É o método específico de PRH para seguir avançando após os cursos e à medida que eles vão sendo feitos, aos poucos. A relação cliente-conselheiro pode chegar a níveis de terapia, porém permanecendo o cliente sempre muito autônomo e dono da situação.
Aqui são ESSENCIAIS as atitudes interiores do Formador/Conselheiro, que precisa ser uma pessoa especificamente bem formada e de um alto valor moral. A autenticidade, o respeito pela liberdade, a benevolência, são, nos conselheiros PRH, valores centrais.
4. CONCLUSÕES
- PRH é uma Formação de base que visa o Desenvolvimento e o Crescimento pessoal para um melhor ajuste psicológico. Seu método constitui uma autêntica Psicopedagogia que nos capacita para reconhecer nossa personalidade e administrar melhor a nossa conduta.
- Atualmente, as Psicoterapias já não são vistas como inimigas dos tratamentos psiquiátricos e ambos: os tratamentos psicoterápicos e psicofarmacológicos devem ser associados.
- Muitos pacientes com Diagnósticos psiquiátricos como Depressões não complicadas, Transtornos de Ansiedade, alguns Transtornos de Personalidade, transtornos de Adaptação (reativos a situações de estresse), e outros, podem se beneficiar do método PRH. Na maioria das vezes, tudo isto combinado com o adequado tratamento psiquiátrico.
- Os Formadores PRH devem estar bem adestrados na hora de diferenciar a patologia psiquiátrica maior, grave, que pode provocar alterações severas da consciência, da introspeção e do discernimento. Isto para que a pessoa possa seguir e se beneficiar do método. Em todo caso, este tipo de paciente deve ser avaliado individualmente e em colaboração com seu médico psiquiatra.
- Os casos de Psicose, especialmente os Episódios agudos, e de Transtornos graves de Personalidade (limítrofe/borderline) devem ser excluídos ou analisados com muita atenção para assim avaliar se um paciente pode ou não se beneficiar do método PRH.
- Os pacientes com um alto risco autolítico e/ou Depressões graves devem ser excluídos deste tipo de abordagens.
5. BIBLIOGRAFIA
- M. Lamarche. A Formação PRH – Publicação PRH Espanha, 1991.
- A pessoa e seu crescimento – Obra coletiva realizada por PRH-Internacional. Madrid, 1997.
- La vida puede resurgir – Obra coletiva realizada por PRH-Internacional. Madrid, 2003.
BIOGRAFIA
DR. ÁNGEL MORÍÑIGO

Ángel Moríñigo é formado em Medicina na Universidade de Salamanca (1979) e Doutor pela mesma Universidade (1988). Antes de seu período de especialização via MIR, no Hospital Universitário de Valladolid (1980-83) foi bolsista de pesquisa no instituto Max-Planck de Psiquiatria de (Munich, Alemanha), realizando pesquisas posteriores no Instituto Central de Saúde Mental em (Mannheim, Alemanha) e no Departamento de Psiquiatria (Zucker-Hillside Hospital) de North Shore Long Island Jewish Medical Center (Nova York, USA). Trabalhou como Especialista Autônomo de (1986-2006) no Serviço de Psiquiatria do Hospital Universitário de Valme, Sevilla.
Atualmente, exerce a psiquiatria clínica privada em Sevilla (Estudo de Psiquiatria, www.e-psiquiatria.com) e é Professor Associado de Psiquiatria na Universidade de Sevilla.
Sua área de especialização é a Psiquiatria Geriátrica: Depressão em idosos, Demências, Sintomas Psiquiátricos em Demências e Psicofarmacologia Geriátrica. É membro do Conselho executivo do International College of Geriatric Psychoneuropharmacology desde 2001, e do Conselho Diretor da ASEPP (Associação Espanhola de Psiquiatria Privada) e da Sociedade Espanhola de Psiquiatria Geriátrica (SEPG), e tem 155 publicações nacionais e internacionais.
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